NIETZSCHE

"E aqueles que foram vistos dançando, foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música". "Vida sem música é um equívoco". NIETZSCHE

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

MÚSICA BRASILEIRA-FAGNER E BELCHIOR-SORO -AGUAPÉ 1978



Para mais uma homenagem à música brasileira, apresento a música AGUAPÉ. Composta por Belchior, e interpretada por ele mesmo e Raimundo Fagner.
Esta música integra o grande projeto intitulado SORO, que foi idealizado por Fagner. Ele reuniu um grande time de artistas para esta grande pérola da música brasileira. Dentre eles estão: Geraldo Azevedo, Ferreira gullart, Cirino, Fausto Nilo, Pedro Soler, Patativa do Assaré, Nonato Luiz, Ricardo Bezerra, Manassés, Dominguinhos, Brandão e Abel Silva.
O projeto incluiu, além do LP, um pacote com 37 encartes com diversas ilustrações e poemas que são uma raridade à parte.

Aguapé é uma música extremamente cativante, tanto na composição, bem como no arranjo bem elaborado e, principalmente, na interpretação dos dois artistas. A letra é um poema de inspiração grandiosa. É do tempo que os dois se entregavam de alma inteira. Um verdadeiro clássico da nossa música. Fagner toca nesta faixa, além de violão, o magnífico baixo.
Em anos inesquecíveis da minha vida, eu e meu grande amigo Almirão, catávamos, bêbados, esta música pelas ruas que passávamos, quando voltávamos das noitadas, e também a ouvíamos em todas as nossas reuniões de domingo, todos os domingos. Bons tempos!





06-Aguapé - Belchior e Fagner





Companheiro que passas pela estrada
Seguindo pelo rumo do sertão
Quando vires a casa abandonada
Deixe-a
dormir em paz
Na solidão

Que vale o ramo do alecrim cheiroso
Que lhe atiras no seio ao passar
Vai espantar o bando, o bando buliçoso
Das mariposas que lá vão pousar

Esta casa não tem lá fora
A casa não tem lá dentro
Três cadeiras de madeira
Uma sala a mesa ao centro

Esta casa não tem lá fora
A casa não tem lá dentro
Três cadeiras de madeira
Uma sala a mesa ao centro

Rio aberto barco solto
Pau d'arco florindo a porta

Sob o qual ainda há pouco
Eu enterrei a filha morta
Sob o qual ainda há pouco
Eu enterrei a filha morta

Aqui os mortos são bons
Pois não atrapalham nada
Pois não comem o pão dos vivos
E nem ocupam lugar na estrada
Pois não comem o pão dos vivos
E nem ocupam lugar na estrada

Nada
A velha sentada o ruído da renda
A menina sentada roendo a merenda


A velha sentada o ruído da renda
A menina sentada roendo a merenda


Nada, nada...
Aqui não acontece nada, não
Nada
Nada
Nada
Nada, absolutamente nada

E o aguapé lá na lagoa
Sobre a água
Nada e deixa a borda da canoa
Perfumada
É a chaminé à toa
De uma fábrica montada
Sob a água que fabrica
Este ar puro da alvorada


Nada...
Aqui não acontece nada, não

Nada não
Nada
Nada, nada, nada, nada, nada, nada

Aqui não acontece nada, não
Nada
Nada
Nada
Nada
Nada, absolutamente nada


FICHA TÉCNICA:

Direção Artística: Raimundo Fagner
Coordenação: Ivair Vila Real
Direção de Produção: Fagner
Técnicos: Manoel Eugênio, Helinho, Nei e Pedrinho
Estúdio: CBS (Rio de Janeiro)
Montagem: Alencar
Mixagem: Manoel
Capa: Januário Garcia, Art & Manha, Fausto Nilo
Fotos: Januário Garcia
Design: Art & Manha
Direção de Arte: Géu



MÚSICAS:

1 Estrela ferrada
(Cirino)
2 Quatro prantos
(Nonato Luiz)
3 Canção de crioulos
(Abel Silva)
4 Choro acadêmico
(Nonato Luiz)
5 Primeiros anos
(Ferreira Gullar)
6 Aguapé
(Belchior)
7 Vida sertaneja
(Patativa do Assaré)
8 Peteneras
(Folclore Flamengo)
9 Passarim de Assaré
(Fausto Nilo - Fagner)
10 To bach and powel
(Geraldo Azevedo)
11 Coração condenado
(Stélio Vale - Fausto Nilo - Gracho)

LINK:
http://www.mediafire.com/?15v351v8sawu6qc