NIETZSCHE

"E aqueles que foram vistos dançando, foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música". "Vida sem música é um equívoco". NIETZSCHE

segunda-feira, 18 de abril de 2011

MÚSICA BRASILEIRA-CAETANO VELOSO-GAL COSTA-MÃE-1978


Há certos momentos na vida em que vivemos emoções intensas, de magnitude tal que fica extremamente difícil expressar. Muitos desses momentos são proporcionados a partir da música, e cada um tem as suas próprias. Eu, particularmente, tenho inúmeras. Esta é uma delas.
A letra é de Caetano Veloso. Um momento particular e místico desta figura intrigante. Confesso que fico tão intrigado com esta letra, que mal posso expressar. É poesia em sua forma mais etérea.
A música foi gravada pela Gal em seu álbum Água Viva de 1978. Uma interpretação que tem um quê de divino. Sei lá, esta é a única explicação que posso dar. Poucos artistas conseguem atingir este nível de expressão. A coisa toda se passa de forma aparentemente natural e fluente, mas tem um alcance extraordinário. Só pode ser algo divino...
Não consigo informações sobre o arranjo instrumental da música, mas posso apostar que tem alguém "monstruoso" por trás. É sem dúvida um dos melhores momentos da Gal. É magnífico em cada detalhe. É progressivo, é rock' roll. É sensacional!!!!!!!!!!!!!

A música brasileira viveu momentos mágicos durante a década de 1970. Sucessivos lançamentos com arranjos instrumentais à altura dos melhores a nível mundial. Porém, lamentavelmente, ao mesmo tempo em que se primava por excelência na produção desses arranjos, parecia haver uma força contrária. Esta parecia inclinada a fazer cortes imperdoáveis na evolução do tempo das músicas. Sei lá, uma economia porca que nos custa a subtração de possíveis momentos memoráveis.
Nesta música, temos um exemplo clássico. A faixa sofre um corte, nada sutil, deixando-nos com uma tremenda sensação de vazio. Amargando a triste e vã tentativa de imaginar um final diferente, e um incontrolável desejo frustrado de ter, ao menos, um minuto a mais de instrumental.

05-Mãe


Palavras, calas, nada fiz
Estou tão infeliz
Falasses, desses, visses não
Imensa solidão
Eu sou um Rei que não tem fim
E brilheis dentro aqui
Guitarras, salas, vento, chão
Que dor no coração
Cidades, mares, povo, rio
Ninguém me tem amor
Cigarras, camas, colos, ninhos
Um pouco de calor
Eu sou um homem tão sozinho
Mas brilheis no que sou
E o meu caminho e o teu caminho
É um nem vais nem vou
Meninos, ondas, becos, mãe
E só porque não estais
És para mim que nada mais
Na boca das manhãs
Sou triste, quase um bicho triste
E brilheis mesmo assim
Eu canto, grito, corro, rio
E nunca chego a ti