NIETZSCHE

"E aqueles que foram vistos dançando, foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música". "Vida sem música é um equívoco". NIETZSCHE

terça-feira, 19 de abril de 2011

[REPOST]RICARDO BEZERRA-MARAPONGA-BRASIL 1978



Aproveito que tenho que fazer a repostagem deste álbum - devido à quebra do link - para comunicar que adicionei três faixas para audição on line (a última é do álbum Raimundo Fagner).
O motivo destas amostras se dá pelo fato da notória "aversão" ao músico Raimundo Fagner por parte de alguns tantos fãs de música progressiva.
Gostaria de lembrar que a proposta deste blog é divulgar música de qualidade; porém, creio que gosto musical seja algo extremamente subjetivo. Portanto eu tento passar o que eu considero o melhor desta arte. Se eu não estiver agradando com algumas postagens que não apontam precisamente para o estilo progressivo, gostaria que desconsiderassem estas, ou mesmo que fizessem críticas, pois alguns debates com argumentos plausíveis são muito bem-vindos.
O fato de as postagens que se relacionam com música progressiva serem maioria no blog, se dá por ser o estilo que escolhi por motivos também muito subjetivos, pois poderia escolher MPB, blues ou quaisquer outros, pois tenho bastante afinidade. Mas escolhi divulgar música de boa qualidade independente do estilo, apenas sinto-me mais à vontade para falar de música progressiva.
De qualquer forma, deixo o recado que as músicas estão no player exatamente para os que desconsideram o músico citado acima, pois acho que não custa nada dar uma conferida. Fagner, a partir da década de 1980, tornou-se um músico de qualidade duvidosa; eu concordo, mas durante a década de 1970 foi um músico excepcional, que realizou obras incríveis, tanto como músico quanto como produtor musical, como é o caso do álbum em questão.
Já que falei tanto Fagner, adiciono uma música que está no álbum Raimundo Fagner que foi postado aqui no blog. Esta música é pra constatar o lado criativo e rock'n roll dele. Aproveitem. "Ou não!"


Esta postagem é uma homenagem ao meu grande amigo Almirão (Almir da Silva Gomes).
A necessidade de escrever visa conquistar um domínio interno, posto em risco pelas extravagâncias do espírito ocioso, ou pelo simples desvario do pesar melancólico. Escrever constitui o último recurso para se recuperar da passividade multiforme que suplanta a posse ativa que se espera (Montaigne).
O preciso texto acima serve para demonstrar a responsabilidade de escrever sobre algo de suma importância, no que se refere ao que está ao pé da intimidade de alguém; neste caso, eu.
Este álbum tem uma representatividade fundamental em minha formação cultural, ou seja, diz respeito a tudo que está enquadrado em mim, no que sou hoje.
Em meio a sonoridades - envolvidos por vinho, cerveja e amizade -, que iniciavam-se nos primórdios das manhãs de domingo, galgando pelas tardes e invadindo toda extensão das noites, eu e meu amigo Almir, desenfreadamente, derramávamos todas as nossas emoções nestes momentos mágicos, cuja prioridade era o som em "si", e nada mais. Contávamos os dias da semana e desfazíamos compromissos outros em função disto.
Pois bem; belo dia surge na vitrola a primeira faixa deste álbum: foi um momento incrível, que mais tarde eu viria perceber que a música progressiva tinha surgido em minha vida, inexplicável e involuntariamente.
Este álbum pode ser compreendido como algo que se avizinha à perfeição, em todos os sentidos representativos de uma pérola da boa música. Sons e signos, cores e temas, imagens e emoções trafegam em harmonia singular, delineando uma sensação idiossincrática.
A primeira faixa, instrumental, com suas vicissitudes, é uma melancólica viagem através do piano de Hermeto Pascoal, combinado com o vocal monumental e indispensável de Amelinha e, é claro, o percussivo, melódico e fundamental celo de Jaques Morelenbaum. Uma rara obra que deveria estar fixada como peça permanente na estante dos verdadeiros amantes da música.
O álbum segue na segunda faixa com a bela atuação de Fagner, contribuindo com Ricardo Bezerra no vocal, e a primeira participação de Robertinho do Recife, na guitarra, e Sivuca no acordeão, nesta poética e melódica música.
Em seguida, outra bela faixa, desta vez com a belíssima voz de Amelinha acompanhando Ricardo, seguidos por instrumental de alta qualidade.
A quarta faixa apresenta também linda participação de Morelenbaum, além de magnífico arranjos de flauta e vocal, em adicional música inspiradíssima.
Chegamos à quinta faixa do álbum, Sete Cidades, mais uma composição digna de um grande mestre. Maravilhosa! Alucinante! Outra vez Ricardo Bezerra mostra sua capacidade como compositor que detém extrema sensibilidade e versatilidade; aqui temos uma volumosa demonstração de conjunto musical, cujo retorno impecável se dá justamente por sua capacidade de reunir em torno de si grandes nomes do cenário musical. Temos as performances, eu diria indizíveis, de quatro figuras essenciais para a realização desta obra de arte: Itiberê (baixo), Ricardo (piano), Sivuca (vocal) e Robertinho (guitarra).
Em Gitana, mais uma obra prima deste músico incrível, temos por repetida vez sua magistral participação enquanto pianista, além do essencial e determinante vocal de Fagner - que dirige o fio condutor e extremo desta obra - e do insistente e bem colocado e executado flautim de Mauro Senise, que conferem, num conjunto sensibilíssimo, mais uma contribuição "involuntária" à música progressiva.
Para fechar o álbum, deparamo-nos com duas antigas, saudosas e deliciosas composições em parceria e com participação de Fagner: Cavalo Ferro e Manera Fru-fru Manera; e mais uma faixa que é um improviso, de Ricardo Bezerra.


01 - Maraponga


05 - Sete cidades



06-Calma Violência


MÚSICAS:

01 - Maraponga (Ricardo Bezerra)
02 - Cobra (Alano Freitas - estelio Valle)
03 - La Condessa (Soares Brandão - Ricardo Bezerra)
04 - Celebração (Ricardo Bezerra)
05 - Sete cidades (Ricardo Bezerra)
06 - Gitana (Ricardo Bezerra)
07 - Cavalo ferro (Ricardo Bezerra - Fagner)
08 - Manera Fru-fru manera (Ricardo Bezerra - Fagner)
09 - Improviso (Ricardo Bezerra)

MÚSICOS:

Arranged by Hermeto Pascoal
Musical Direction by Ricardo Bezerra, Raimundo Fagner & Hermeto Pascoal.
Hermeto Pascoal - piano (1,2,3,4,7), arp (1,2,4), organ (4), garrafa (7)
Ricardo Bezerra- vocal (1,2,3,6,7,8,9), piano (5,6)
Nivaldo Ornellas - flute (1,3,4,8), soprano sax (6)
Mauro Senise - flute (1,3,4,8), flautim (6)
Cacau (Claudio Araujo) - flute (1,3,4,8)
Zé Carlos - flute (1,3,4,8)
Jacques Morelembaum - cello (1,4,8)
Itiberê Zwarg - bass (1,2,3,4,5,6,7,8)
Sergio Boré - percussion (1,5,8), drums (7)
Sivuca - accordion (2,5,8), vocal (5)
Robertinho de Recife - guitar (2,5), viola (8,9)
Luiz Paulo Peninha - drums (2,3,5,6)
Marcio Malard - violin (3)
Bernardo Bessler - violin (3)
Aleuda - percussion (8)
Special participations:
Amelinha - vocal (1,3,6)
Fagner - vocal (2,6,7,8), acoustic guitar (6)


LINK:

segunda-feira, 18 de abril de 2011

MÚSICA BRASILEIRA-CAETANO VELOSO-GAL COSTA-MÃE-1978


Há certos momentos na vida em que vivemos emoções intensas, de magnitude tal que fica extremamente difícil expressar. Muitos desses momentos são proporcionados a partir da música, e cada um tem as suas próprias. Eu, particularmente, tenho inúmeras. Esta é uma delas.
A letra é de Caetano Veloso. Um momento particular e místico desta figura intrigante. Confesso que fico tão intrigado com esta letra, que mal posso expressar. É poesia em sua forma mais etérea.
A música foi gravada pela Gal em seu álbum Água Viva de 1978. Uma interpretação que tem um quê de divino. Sei lá, esta é a única explicação que posso dar. Poucos artistas conseguem atingir este nível de expressão. A coisa toda se passa de forma aparentemente natural e fluente, mas tem um alcance extraordinário. Só pode ser algo divino...
Não consigo informações sobre o arranjo instrumental da música, mas posso apostar que tem alguém "monstruoso" por trás. É sem dúvida um dos melhores momentos da Gal. É magnífico em cada detalhe. É progressivo, é rock' roll. É sensacional!!!!!!!!!!!!!

A música brasileira viveu momentos mágicos durante a década de 1970. Sucessivos lançamentos com arranjos instrumentais à altura dos melhores a nível mundial. Porém, lamentavelmente, ao mesmo tempo em que se primava por excelência na produção desses arranjos, parecia haver uma força contrária. Esta parecia inclinada a fazer cortes imperdoáveis na evolução do tempo das músicas. Sei lá, uma economia porca que nos custa a subtração de possíveis momentos memoráveis.
Nesta música, temos um exemplo clássico. A faixa sofre um corte, nada sutil, deixando-nos com uma tremenda sensação de vazio. Amargando a triste e vã tentativa de imaginar um final diferente, e um incontrolável desejo frustrado de ter, ao menos, um minuto a mais de instrumental.

05-Mãe


Palavras, calas, nada fiz
Estou tão infeliz
Falasses, desses, visses não
Imensa solidão
Eu sou um Rei que não tem fim
E brilheis dentro aqui
Guitarras, salas, vento, chão
Que dor no coração
Cidades, mares, povo, rio
Ninguém me tem amor
Cigarras, camas, colos, ninhos
Um pouco de calor
Eu sou um homem tão sozinho
Mas brilheis no que sou
E o meu caminho e o teu caminho
É um nem vais nem vou
Meninos, ondas, becos, mãe
E só porque não estais
És para mim que nada mais
Na boca das manhãs
Sou triste, quase um bicho triste
E brilheis mesmo assim
Eu canto, grito, corro, rio
E nunca chego a ti

domingo, 10 de abril de 2011

P2O5-VIVAT PROGRESSIO PEREAT MUNDUS-ALEMANHA 1978







Fantástica banda alemã com excesso de peso e melodia. Queiram me perdoar, mas estas são as informações mais precisas que posso dar sobre esta banda sensacional, pois são rasas e controversas as que encontrei na rede. Mas posso garantir que se trata de rara experiência sonora.
Apresento o álbum que é datado de 1978, porém, ao que parece, trata-se de um trabalho editado anteriormente. Há algumas faixas que foram regravadas de outro anterior a este (é lógico). São faixas do primeiro álbum da banda - que eu resolvi anexar ao arquivo.
Iniciarei falando da faixa Morning to the Ants: é uma daquelas músicas cuja melodia remonta a momentos perdidos em nossa memória mais remota. É algo tão belo que nos leva mesmo a tentar achar em algum lugar da lembrança, como se fizesse parte de nós ou mesmo de algo que adquirimos pelas andanças da vida. Há certo quê de folclórico nas entrelinhas da melodia, que encanta de forma extremamente profunda. O baixo, sensacional. A melodia do solo de guitarra é um momento à parte, daqueles que nos levam a fechar os olhos e pedir para nunca acabar, tamanha é sua beleza. É o tipo de melodia que jamais se esquece.
Por todo o álbum encontramos momentos fantásticos de belíssimas e simples melodias, colocadas de forma extremamente crua e direta, com acompanhamentos de bateria que nos tocam em profundidade, cujo andamento não tem nada de extraordinário, mas tem precisão definitivamente pertinente e certeira, tornando o som límpido e tremendamente agradável.
Na faixa Paradise, além do inspiradíssimo vocal, há um magnífico solo de sax que define um clima poderoso à faixa. Há também o fantástico órgão tipicamente setentista que trafega por toda a faixa, demonstrando toda a força desta banda de pegada intensa e extremamente melódica. Não poderia deixar de citar os alucinantes e melódicos solos de guitarra que intensificam, glorificam e engrandecem a faixa. A bateria, literalmente, simplesmente fantástica.

02 - Morning Of The Ants

03 - I Didn_t Care


MÚSICOS:

Konny Hempel - guitarra
Wolfgang Burkhard - teclados
Werner Weib - vocais
Helmut Riebel -baixo e vocal
Eddy Lotter -bateria

MÚSICAS:

1- Comin'Over Again
2- Mornig of The Ants
3- I Didn't Care
4- Undumufu (All Right)
5- Smash
6- Hangman
7- Step On My Face
8- Memories
9- Hang Man (live bônus track)
10- Paradise (bônus track)


LINK:
http://205.196.121.138/szmmcpnqb9og/v3ptc1t01l4i35d/P2O5+-Vivat+Progressio+-+Pereat+Mundus+1978.rar