NIETZSCHE

"E aqueles que foram vistos dançando, foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música". "Vida sem música é um equívoco". NIETZSCHE

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

MIRTHRANDIR-FOR YOU THE OLD WOMEN-USA 1976



Mais uma vez tenho o prazer de apresentar outra grandiosa banda neste blog: Mirthrandir. Trata-se de mais uma pérola perdida nas entrelinhas do cenário progressivo setentista.

Eu já me atrevi a colocar álbuns como Voci, do Luciano Basso, Four Moments, do Sebastian Hardie, ou Czar, da banda homônima, como grandes álbuns da música progressiva. Neste momento, sem a menor sombra de dúvida, tenho o prazer de incluir For you the Old Women dentre os clássicos imortais da música progressiva.

Esta banda sensacional lançou este, que é seu único e grandioso álbum, como uma obra repleta dos mais finos ingredientes. Encantam logo na primeira faixa, com uma louca introdução desnorteante, que supõe certo descontrole devido a aparente falta de definição do verdadeiro objetivo a ser alcançado, fazendo referências a diversos estilos e bandas. Mas é impressão passageira, pois são inúmeros temas complexos, que apesar de aparentemente desconexos, tomam um rumo surpreendentemente magnífico, servindo de introdução ao tema central que é o descarrego de emoções profundas que resultam numa melodia profundamente angustiante. Com o passar do tempo, percebemos que tudo está sob controle. Entramos em uma calmaria reflexiva, introdutória ao clima ainda mais angustiante que está por vir. Percebemos então a verdadeira intenção do tema - numa mistura de genialidade e perfeição, destilam o máximo que se pode expressar através da arte musical. É a eclosão da magistral melodia, que é explorada ao máximo pelo vocal, que incorpora o clima de forma monumental, com desempenho extremamente dramático; que chega a lembrar a atuação de Peter Hammil no álbum Still Life (1976), do Van Der Graaf, principalmente na última faixa. As guitarras transmitem a angústia na mesma sintonia do vocal; baixo e bateria, afinadíssimos, num acompanhamento instrumental completo e perfeito, cheio de tons e temas únicos dos teclados e órgão, com texturas incrivelmente bem trabalhadas, para uma perfeita sincronização com o todo. Tudo na sequência de uma melodia de beleza e inspiração emocionantes e indizíveis.

Numa “tola” comparação com Gentle Giant, já que carregam influências desta banda de genialidade notória, eu diria que o Mirthrandir, por vezes, chega a ser superior - me arrisco a dizer isto, ciente de que é passível de controvérsias -, pois, diferentemente da citada banda, eles exploram as frases musicais por um tempo relativamente mais duradouro, ou seja, não nos deixando com aquela sensação estranha de que cada passagem deveria durar mais tempo, como é típico do Giant - que compunha incríveis frases musicais alucinantes, mas só nos presenteava, muitas vezes, com passagens fugazes.

Mirthrandir é uma banda completa, que sabia exatamente o que estava fazendo, com total controle da dosagem das emoções, sem poupar excelência na execução dos temas centrais de cada faixa. E todas as faixas trafegam por ritmos e tons impressionantes e personalizados, culminando em desempenhos incríveis e composições inspiradas e complexas. O álbum fecha com uma rara peça de pouco mais de quatorze minutos, em que a banda deixa sua marca registrada, trafegando por caminhos clássicos da música progressiva, com suas diversas possibilidades.

Este é um perfeito exemplar de que música de qualidade, de quaisquer estilos, não tem nacionalidade. Os americanos, normalmente, são vistos como pouco expressivos em sua representação do estilo progressivo. Podem não ser muitas as bandas significativas oriundas deste país, porém, este álbum demonstra que não necessariamente é preciso ter sangue alemão, inglês, italiano, ou quaisquer outros para a concepção de uma obra de música progressiva de qualidade. O Mirthrandir é americano e lançou este álbum que é uma obra perfeita, e que os coloca, irremediavelmente, no mesmo patamar das grandes bandas européias, apesar de um único álbum lançado.

Não posso deixar de dizer que esta é uma das mais belas e completas obras que já ouvi.

01-For You The Old Women

05-For Four

MÚSICAS:

1. For you the old women
2. Conversation with personality giver
3. Light of the candle
4. Number six
5. For four

MÚSICOS:

Robert Arace / drums
Richard Excellente / guitar
Simon Gannett / keyboards
James Miller / bass, flute
Alexander Romanelli / guitar
John Vislocky III / vocals, trumpet

LINK:

http://www.multiupload.com/MHFFCHIZ3H


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

FINCH-BEYOND EXPRESSION-HOLANDA 1976



Eis mais uma obra grandiosa do estilo progressivo, cujo termo mais apropriado para reverenciar, seria "pérola do progressivo".
Assim como Four Moments do Sebastian Hardie e Voci de Luciano Basso, este álbum proporciona momentos de beleza extrema, encimado por uma atmosfera alucinante de qualidade indiscutível. Obras como estas, revelam a força característica que a música progressiva assumiu em meados da década de 1970. Neste período, algumas bandas surgidas na década de 1960, já começavam a aparentar certo cansaço; já não concebiam mais obras com o vigor de outrora, quer seja por mudanças no elenco, quer por falência do processo criativo, ou por quaisquer outros motivos. Outras tantas, reafirmaram toda sua excelência com lançamentos tão ou mais magníficos que suas obras anteriores.
Este grupo que representa as bandas surgidas próximas à metade da década de 1970, estavam no início de seu processo criativo, com farta oferta de obras sublimes como escola e fonte de inspiração - obras estas, lançadas pelos gigantes que os antecederam.
Infelizmente, tiveram pouco tempo para se consolidar, devido às mudanças impostas pelo cruel mercado fonográfico e à aproximação da trágica década de 1980. Esta infeliz década anunciou a "morte da música", encerrando de vez os sonhos das gerações anteriores, e fundando a miserável realidade das posteriores, em termos de qualidade musical. Volto a lembrar a minha mais cruel denúncia: a "morte da música" foi decretada quando do descaso com os arranjos de bateria, ou seja, quando da "morte da bateria".

01-A Passion Condensed

O grande parceiro e amigo MERCENÁRIO MALDITO, do magnífico blog PROGRESSIVE DOWNLOADS teve a grandeza de postar este belíssimo álbum, bem como o anterior (Glory of the Inner Force-1975), oferecendo numa excelente resenha, uma verdadeira contemplação das obras e da história da banda.

Músicos:
Joop Van Nimwegen: guitarras
Cleem Determeijer : teclados
Peter Vink : baixo
Beer Klaasse :bateria

Músicas:
A Passion Condensed - 20:09
Scars On The Ego – 8:54
Beyond The Bizarre – 14:24
LINK:

[REPOST] PAT METHENY GROUP-SPEAKING OF NOW-USA 2002


Pat Metheny Group lançou seu primeiro disco, homônimo, em 1978. Speaking of now é o 13º na carreira do grupo que é liderado pelo emblemático músico Pat Metheny, que já soma um total mais de quarenta títulos lançados, passeando por diversos estilos, que vão desde o jazz fusion até o rock, tendo como foco principal o jazz contemporâneo.
Metheny é um guitarrista indiscutivelmente maravilhoso, tendo como reconhecimento, diversos prêmios, dentre eles quinze Grammy, sendo que, sete consecutivos.
Speaking of now é um álbum delicioso e de fácil assimilação, apesar de ter sua espinha dorsal bastante complexa, com arranjos impecáveis. Isso é resultado de uma grande liberdade e harmonia entre os músicos.
As melodias e os arranjos são o ponto forte deste músico, o que fica muito claro logo na primeira faixa do álbum. As it is é carregada de uma melodia belíssima, sendo muito bem aproveitada no decorrer de toda a música, com um instrumental extremamente rico, além de "vocalizes" que a engrandecem ainda mais; é realmente maravilhosa e viciante.
Todo o álbum é riquíssimo em todos os aspectos, e as lindas melodias vão surgindo pouco a pouco em cada faixa, trafegando por ritmos suaves e dóceis, criando atmosferas viajantes, até outros, de sensacionais passagens vigorosas. É um álbum completo.

01-As it is

Com o propósito de degustação, como fosse um raro e bom vinho, apresento (em vídeo) uma bela demonstração do estilo de Pat Metheny. Trata-se da grandiosa música 'Manuel, o audaz' de Toninho Horta e Fernando Brant, em que Pat faz o lendário solo de guitarra, acompanhado pelo violão de Toninho. Pat sempre foi muito fã deste fabuloso músico mineiro. VIVA TONINHO HORTA!


MÚSICAS:

1. As It Is
2. Proof
3. Another Life
4. The Gathering Sky
5. You
6. On Her Way
7. A Place In The World
8. Afternoon
9. Wherever You Go

MÚSICOS:

Pat Metheny: acoustic, eletric & synth guitars
Lyle Mays: acoustic piano, keyboards
Steve Rodby: acoustic bass
Richard Bona: vocals, percussion
Cuong Vu: trumpet, vocals
Antonio Sanchez: drums

terça-feira, 21 de setembro de 2010

CERRADO BRASILEIRO - RESPONSABILIDADE DE TODOS


Não são poucos os problemas de gestão ambiental no território brasileiro, aliás este é um grave problema que afeta grande parte dos países do globo terrestre, tanto os mais quanto os menos desenvolvidos.
Os países desenvolvidos vivem o dilema do progresso contra o meio ambiente, ou seja, na frenética e gananciosa corrida para se manter no topo da economia global, exploraram massivamente seus recursos naturais - numa época em que não havia "tempo" para pensar no desenvolvimento de técnicas de estudo de impacto ambiental -, determinando, assim, o grande paradoxo do nosso tempo: a exploração dos recursos naturais é a chave para o bem e o mal estar da humanidade. Hoje, pagam um alto preço no desenvolvimento de novas tecnologias para consertar os estragos.
Os países menos ou nada desenvolvidos, exploram seus recursos, não exatamente visando o progresso, mas por questão mesmo de sobrevivência, de vida ou morte - tal qual nos primórdios da humanidade, porém com populações absurdamente maiores, e, consequentemente, os impactos, também. Ou seja, o fazem sem possuir as devidas tecnologias e recursos financeiros, portanto seguem, também, rumo ao colapso.
Há ainda os países com desenvolvimento em andamento, a largos passos, tentando "um lugar ao sol". É neste grupo que o Brasil se enquadra. A fundamental diferença, é que não precisam de um modelo de desenvolvimento predatório, pois não vivem naquela época de desconhecimento e/ou despreocupação com os impactos que serão gerados, em relação ao primeiro grupo; e não precisam do modelo de exploração inconsciente, desesperada, pois têm tecnologia e recursos financeiros, ou seja, não é questão de vida ou morte, em comparação ao segundo grupo.
Em resumo, os países em desenvolvimento "estão com a faca e o queijo na mão"; têm o privilégio de não estar na mesma situação dos países mais pobres, e de estar na confortável posição de poder determinar seu desenvolvimento de forma racional, equacionando as variáveis do processo, não incorrendo no mesmo erro dos países mais ricos; pois a maioria dos impactos ambientais são irreversíveis - tal como os observados nos Estados Unidos (Everglades-Flórida), ou no Mar de Aral (na antiga União Soviética (Cazaquistão/Usbequistão).

O CERRADO

Apesar de não figurar frequentemente nas pautas da política e da mídia - como está a Amazônia -, o Cerrado é uma ecorregião de suma importância. Corresponde a aproximadamente 25% do território brasileiro, e é um dos ecossistemas mais complexos, sensíveis e de maior biodiversidade do planeta.
Para se ter uma ideia do potencial do Cerrado, seus mananciais abastecem importantes bacias hidrográficas, tais como: Bacia do São Francisco, Bacia do Araguaia/Tocantins e Bacia do Paraná, além de outras nove, grandes e importantes. É imprescindível frisar que o Cerrado é uma variável fundamental no equacionamento do clima, pois está localizado "estrategicamente" mais para o centro do país e do continente sul americano, tendo influência significativa (como parte da equação) no clima que abrange todo o Brasil, bem como o continente, e, consequentemente, todo o globo terrestre.
Na visão desenvolvimentista de hoje, nos deparamos com o grande risco que o Cerrado está correndo. Nos primeiros estudos, a área abrangente por este bioma foi apontada como desinteressante, tanto para a agricultura - devido à acidez e pobreza do solo -, quanto como área de preservação ambiental - devido ao desconhecimento de seu verdadeiro potencial. Entretanto, hoje, já é notória a capacidade, tanto para um, quanto para outro.
É, no mínimo, duvidosa a conclusão dos primeiros estudos. O fato é que foram desenvolvidas novas tecnologias para a implantação da agricultura - principalmente da soja -, e só mais tarde, tardios estudos, realmente conclusivos, foram implantados para verificação da importância deste bioma.


AMEAÇAS

Além da soja, somam-se às ameaças ao Cerrado, o potencial destruidor da pecuária e da indústria siderúrgica de ferro gusa.
  • SIDERURGIA
A indústria siderúrgica destinada à produção de ferro gusa - que se utiliza de carvão vegetal na produção - é uma das principais causas devastadoras do Cerrado. Estão localizadas no norte do país (Pará e Maranhão) e no sudeste (Minas Geraes).
Os impactos deste tipo de desmatamento são catastróficos, pois ao longo das décadas - sabendo-se que começou nas proximidades das siderúrgicas - devastou tudo ao redor das indústrias, e hoje, já chega a mais de 1000 Km delas (referente às indústrias do sudeste); ou seja, para que a coisa se torne viável, gera mão de obra escrava e infantil, indo muito além do problema dito "ambiental" - entre aspas, pois não há dissociação entre ambiental e social.
A utilização de madeira ilegal como combustível, representa uma economia de 12%, em relação `a madeira legal - proveniente de reflorestamento, basicamente de eucaliptos. Em relação ao carvão mineral, além de maiores vantagens econômicas, o carvão vegetal não apresenta enxofre em sua composição, o que melhora a qualidade final do produto, tornando-o ainda mais competitivo.
Diante deste quadro, é imprescindível a participação de toda a sociedade, frente a este perigo iminente. O valor de um produto, está diretamente ligado a nossa qualidade de vida futura. Ou seja, não é admissível que o valor de um produto seja reduzido em detrimento de nossa qualidade de vida.
  • AGROPECUÁRIA
As principais transformações causadas pela agropecuária no Cerrado tiveram início em 1960, devido à pressão do Plano de Metas do governo Juscelino, cujo objetivo era o equilíbrio da balança comercial. Foram criados programas de desenvolvimento para o Cerrado, tais como o PADAP e o POLOCENTRO, que ofereciam ao produtor rural, além de diversos subsídios, seguro contra riscos, visto que iriam produzir em terras desconhecidas.
Os desmatamentos para a agricultura (principalmente de soja) e pecuária de bovinos já reduziram o Cerrado a menos de um quarto de seu tamanho.
O uso de agrotóxicos e fertilizantes utilizados nas lavouras estão contaminando os lençóis freáticos e os rios que abastecem as populações. As queimadas estão contaminando a atmosfera, além de provocar a exposição do solo e consequente desertificação.
O estado de Goiás já sofre com problemas no abastecimento de água devido à devastação das matas ciliares das nascentes do rio Araguaia. Também os atuais recordes de baixa nas taxas de umidade no centroeste brasileiro, têm origem no desmatamento do Cerrado. O assoriamento do rio Taquari (um dos principais formadores do Pantanal) já anuncia problemas que interferem na saúde do Pantanal.

RESPONSABILIDADE

O objetivo deste texto é, principalmente, de desfazer a equivocada ideia que se faz da ecologia - equívoco este, de responsabilidade dos próprios ditos "ecologistas". Faz-se necessário, portanto, uma distinção entre ecologista e ecólogo: o ecologista pode ser um cientista ou qualquer pessoa defensora das causas referentes ao meio ambiente; um ecólogo, é um especialista em ecossistemas, ou seja, um estudioso dos impactos do homem na natureza, com objetivo de determinar as melhores maneiras de aproveitamento dos recursos naturais.

Há a necessidade iminente de demonstrar que a defesa da Natureza, não é a Natureza em si; não é a defesa de determinado animal, planta ou paisagem, especificamente; o verdadeiro motivo, objetivo, é sempre o bem estar do homem. Por exemplo, a preservação da Amazônia tem relação com a saúde das plantas e dos animais, sim, mas com o objetivo final de proteger o próprio homem, pois da preservação deste ambiente, depende o bem estar do homem.

A ecologia, a geografia, a biologia, assim como a matemática, a física, a química, são ciências; e ciência, é feita pelo homem, em benefício do homem. Ou seja, a matemática, por exemplo, não foi desenvolvida apenas para demonstrar a complexidade dos números, mas para a aplicação deles para a melhoria de qualidade de vida do homem. Enfim, cada disciplina tem seu objeto de estudo, mas todas têm um mesmo objetivo final: o bem estar da humanidade.

Enfim, o equívoco a que me refiro, tem relação direta com o efeito que as causas ecológicas geram em determinada parte da sociedade. Os ecologistas apresentam suas causas de maneira equivocada, tal qual: "temos que proteger a Mata Atlântica". A pergunta é: por que proteger a Mata Atlântica? Por que ela é bonita? Por que ela está cheia de animais e plantas? Por que a Natureza levou milhões de anos para concebê-la? Ora, estes não são argumentos que vão convencer a sociedade. Em muitas destas causas, a sociedade se irrita, e com razão. Imaginem a seguinte situação: a implantação de determinada indústria requer o desmatamento de uma grande área de floresta virgem. A indústria vai gerar empregos e riquezas para o país, e vai produzir impactos significativos na região. São fortes e convincentes os argumentos para a implantação da indústria. Portanto, os apelos para a preservação da floresta não devem ser colocados de forma tão simplista, como o fazem os "ecologistas"; como se a preservação da floresta se resumisse à proteção de algumas espécies de animais ou plantas, por si só, sem as devidas explicações dos impactos que realmente afetarão nossas vidas.

Repito, é preciso uma explicação mais objetiva, mais enérgica, uma explicação que tenha um impacto direto na vida de todos. Ou seja, é preciso demonstrar de que forma a extinção de um rio, de um animal ou planta vai afetar a vida de cada um. É necessário demonstrar, por exemplo, que a devastação de determinada mata ciliar, não é somente pela preservação do mico ou do papagaio, raros, que se reproduzem lá, mas porque é de lá que vem a água que alimenta o determinado rio que abastece as cidades, provendo água potável, alimentos e diversos outros benefícios para as populações.

O Brasil viveu seus momentos em que "precisava" gerar divisas para cumprir as exigências dos acordos com o capital internacional. Este foi o momento em que o Brasil precisou sacrificar o Cerrado para sobreviver e ver surgir o progresso. Este processo já durou quarenta anos, restando apenas 20% do Cerrado. Onde é que isto vai parar? Quando o Cerrado acabar de vez?

A implantção da agropecuária no Cerrado serviu para alvancar o desenvolvimento do país, mas a expansão já foi além das fronteiras aceitáveis. Não estou sugerindo a interrupção imediata destas atividades, mas o estancamento, antes que seja tarde demais. Haverá o momento que isso terá que ser feito. Por que não agora?

Não podemos e não precisamos cometer os mesmos erros dos países desenvolvidos. Basta que observemos o caso dos Everglades na Flórida. Hoje, o que resta está limitado a um parque ecológico. Já foi investido mais de trezentos milhões de dólares em vãs tentativas de reverter parte dos danos causados.

O desastre do Mar de Aral talvez esteja entre os maiores desastres ecológicos do palneta devido à ação antrópica. O paraíso que se encontrava às suas margens - proporcionado pelo progresso imediatista; que não durou mais de vinte anos -, já se encontra a uma distância de aproximadamente 200Km da água. O Mar de Aral está secando, recuando devido à forma desordenada de manejo das matas e dos rios em seu entorno. Ou seja, onde havia água, existe um deserto de sal e areia. Além de causar diversos problemas econômicos e o deslocamento de populações inteiras, este deserto está levando inúmeras doenças respiratórias para toda região.
Acredito que o Mar de Aral seja exemplar como forte argumento em debates quanto às causas ambientais que envolvem impactos de grande porte, como Amazônia, o Pantanal e o Cerrado. A exploração inconsciente dos recursos naturais em torno do Mar de Aral- plantações de algodão e milho - que visava o progresso imediatista, resultou em consequências desastrosas.

Os últimos estudos de impacto ambiental revelam que o desastre ambiental, capaz de superar o do Mar de Aral, é a destruição do Pantanal Matogrossense. Isto pode acontecer de duas maneiras que representam perigo iminente: a implantação da Hidrovia do rio Paraguai - caso seja feita sem as devidas precauções para evitar o desastre-; e com o atual nível de extinção do Cerrado. O rio Paraguai representa a principal via de escoamento, e o Cerrado, a principal fonte de alimentação de água.

É preciso que sejam implantadas tecnologias para o aumento da produção das lavouras de soja nos limites já impostos por elas, sem o envenenamento do sistema hídrico e sem os desmatamentos; criar políticas para conter a expansão da pecuária, e racionalidade para extinguir de vez a exploração de madeira para a indústria siderúrgica; isso é possível, basta vontade política, pois, no passo que está, a exploração do Cerrado vai durar por, no máximo, vinte anos.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não será possível reverter o quadro que se apresenta, pois a mata do Cerrado não se regenera, ou seja, os 80% que foram destruídos, não serão restituídos. O mal já está feito, mas não pode continuar. O futuro do Brasil depende das decisões tomadas agora, no que diz respeito à gestão dos nossos recursos naturais. ISTO NÃO É UM MANIFESTO "ECOLÓGICO", MAS, ANTES DE TUDO, HUMANO.



domingo, 19 de setembro de 2010

[REPOST] EUMIR DEODATO-PRELUDE-BRASIL 1972



Lamentavelmente o link dessa postagem teve que ser retirado devido a reclamações dos detentores de direitos autorais, portanto aconselho aos visitantes que encontrem outra maneira de conseguir esta obra maravilhosa.

Assassinaram a música? Se não, onde foi parar? Onde estão os mágicos momentos sessenta e setentistas? Por que "tudo fugiu, tudo mofou"? Será que"sou eu que amo o passado e que não vejo que o novo sempre vem"?
Sim, eu estou amarrado ao passado, mas como me livrar dessas amarras, se lá é que está a verdadeira expressão do belo. Não apenas me considero cético, mas percebo que fui induzido. Vi as três últimas décadas passarem sem suspiros expressivos que me tocassem os ouvidos. Além de que, assisti à decadência de praticamente todos os gigantes. Só não pereceram os que mantiveram-se estáticos e desalentaram-se à nova era de desamor à música.
Quisera eu não ser cético, mas acreditar em ressurreição. E pudera eu não assistir décadas de INVOLUÇÃO. Em verdade, não quero ressurreição (apesar de que, é melhor que nada), quero é revolução. Não quero meus heróis fazendo tudo de novo; quero é novos e velhos músicos fazendo música nova, mas música de qualidade; quero é EVOLUÇÃO.
"E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil. Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita", que tantas vezes não tenho tido paciência para ouvir neoprog. Também pudera, estou cansado de ter que contentar-me com sussurros de progressivo de qualidade; uma ou outra banda expressiva; uma ou outra boa passagem em um ou outro álbum; raros arranjos de bateria decentes.
Enfim, "estou farto de semideuses". Quero novos "PRELÚDIO", que marquem, que transformem, que inovem, que criem novas formas de qualidade para somar à arte musical.
Prelúdio pode ser considerado um marco na história da música, e, sem dúvida, um divisor de águas na carreira deste artista mutante que tanto contribuiu para a excelência da qualidade da música de seu tempo.
Neste álbum, Deodato demonstra toda sua maturidade, genialidade e maestria na desconstrução de Also Sprach Zarathustra de Richard Strauss. Uma versão em que empresta um ritmo funkeado, num passeio singular ao lado de passagens orquestradas deslumbrantes, fazendo referência ao original de Strauss.
Lembrando que esta não é a versão apresentada na "odisséia futurista" de Kubrick, cujo ano de lançamento foi 1968, ou seja, é um tanto improvável que Deodato tenha gravado a tal versão neste ano e lançado em seu álbum apenas em 1972. Tudo isso foi só para esclarecer, pois o compositor contratado para a trilha do filme foi Alex North, e de qualquer forma a versão é totalmente orquestrada de forma clássica; não tem nada a ver com Deodato.
Na faixa Spirit of summer é fácil observar o nível de maturidade de Deodato. O andamento é extremamente belo e os arranjos alcançam a divindade. E ainda temos um solo de viola que soa arrebatador, com uma energia inesperada. Numa rajada de surpresas, surge a melódica flauta como que uma continuação do solo de viola. Baixo, bateria e toda a orquestra fecham com triunfo esta música composta com tanta sensibilidade.


MÚSICAS

1 - Also Sprach Zarathustra - Richard Strauss
2 - Spirit Of Summer - Deodato
3 - Carly & Carole - Deodato
4 - Baubles, Bangles And Beads - Deodato
5 - Prelude To The Afternoon Of A Faun - Debussy
6 - September 13 - Deodato


MÚSICOS

Eumir Deodato (Piano, Piano Elétrico)
John Tropea (Guitarras)
Jay Berliner (Violões)
Hubert Laws (Flauta)
Marvin Stamm (Trumpete)
Ron Carter (Contrabaixo Acústico)
Stanley Clarke (Baixo Elétrico)
Billy Cobham (Bateria)
Airto Moreira (Percussão)
Ray Barretto (Percussão)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

[REPOST] GEORGE BENSON-THE OTHER SIDE OF ABBEY ROAD-USA 1969



No final da década de 1960, Creed Taylor criou a CTI Records para dar início ao audacioso projeto que visava a reunião dos maiores músicos de seu tempo (sendo a grande maioria do universo jazz). O objetivo era reunir os atistas para gravar seus álbuns e realizar suas apresentações ao vivo, sendo ele o reponsável pela produção, ou seja, tanto os músicos de base quanto os solistas eram escolhidos dentre os artistas contratados pela CTI.
Este projeto seguiu a linha de um outro, executado com grande sucesso em meados da década de 1940, cujo produtor era Norman Granz. Em ambos, o público teve a grande oportunidade de ver reunidos, em um mesmo álbum e em espetáculos ao vivo, os grandes nomes do mundo da música, mais precisamente do jazz.
Dentre as feras contratadas pela CTI estão: Freddie Hubbard, George Benson, Ron Carter, Deodato, Airto Moreira, Bob James, Herbie Hancock, Sonny Fortune. Para se ter uma ideia mais ampla, basta que vejam a ficha técnica desta postagem e da anterior (Eumir Deodato).
George Benson foi um desses músicos (assim como Deodato), com talento irrefutável, contratado por Taylor para a realização de obras memoráveis. Há relatos de que Benson entrou nos estúdios para gravar este álbum, antes de completar trinta dias do lançamento do clássico Abbey Road dos Beatles.
Considero esta obra uma das mais audaciosas já lançadas. Tanto pela coragem quanto pela magnífica reunião de músicos talentosos e, principalmente, pela qualidade da gravação em todos os sentidos.
You Never Give Me Your Money é apresentada de forma divinamente linda, com a sutileza típica de Benson; simplesmente emocionante!
I Want You traz em sua bagagem uma força e uma expressão tão limpa e direta, tão bem arranjada e mixada e tão precisamente executada, que me leva a fazer preigosa e inevitável comparação com a original. Tanto que se eu olhar com os óculos da perfeição, definitivamente escolho o "outro lado da rua". Ainda que eu me deixe levar pelo lado emocional e dixe de lado a retórica, sou induzido a manter-me firme quando ouço o solo de trompete do ilustre Freddie Hubbard , pois é o mais belo que já ouvi. A linha melódica que ele segue é a mesma do sublime solo de guitarra de George Benson, junto à base "solada" de baixo de Ron Carter, logo anteriormente. Num momento romântico adolescente, eu diria que não somente é o melhor solo de trompete, como também, o melhor solo que já ouvi. Sinceramente, jamais imaginei que o som desse instrumento poderia me tocar de forma tão profunda.

06-I want you

01- Golden Slumbers_You Never Give Me your Money


FAIXAS

1. 01 Golden Slumbers 1:39
2. 02 You Never Give Me Your Money 3:08
3. 03 Because 0:34
4. 04 Come Together 6:50
5. 05 Oh! Darling 4:00
6. 06 Here Comes The Sun 2:33
7. 07 I Want You (She’s So Heavy) 6:27
8. 08 Something 2:53
9. 09 Octopus’s Garden 1:38
10. 10 The End 1:54

MÚSICOS:

Arranger : Don Sebesky
Producer : Creed Taylor
Engineer : Rudy Van Gelder
Personnel:
George Benson (guitar);
Sonny Fortune (alto saxophone);
Jerome Richardson (tenor saxophone);
Don Ashworth (baritone saxophone);
Mel Davis, Bernie Glow, Marvin Stamm (trumpet, flugelhorn);
Freddie Hubbard (trumpet);
Wayne Andre (trombone, euphonium);
Phil Bochner (flute, oboe);
Hubert Laws, Jerome Richardson(flute);
Raoul Poliakin, Max Pollikoff (violin);
Emmanuel Vardi (viola);
George Ricci (cello);
Herbie Hancock, Ernie Hayes, Bob James (piano, organ, harpsichord);
Ron Carter, Gary Jemmott (bass);
Idris Muhammed, Ed Shaugnessy (drums);
Ray Barretto, Andy Gonzalez (percussion).



LINK:
http://www.multiupload.com/DHIIAL7NY1

domingo, 5 de setembro de 2010

[RE POST] THE LOAD-HAVE MERCY-USA 1977



Aproveito esta repostagem para reafirmar o grande potencial desta banda incrível. Sendo assim, ofereço - aos visitantes que não baixaram este álbum por não acreditar em minhas palavras - as duas faixas que faço referência na postagem, para uma audição online. Agora é com vocês...
Na faixa 09, eles exploram com muito entusiasmo o órgão, que, infelizmente, sempre foi pouco utilizado como instrumento solo. Uma belíssima demonstração de como poderia ser melhor aproveitado este magnífico instrumento musical como destaque.

TENHO O PRAZER INENARRÁVEL DE POSTAR ESTE ÉLBUM QUE É, ATÉ ENTÃO, UMA DAS MAIORES RARIDADES NA WEB. PESQUISEI EM QUASE TODOS OS BLOGS. ESTE EU TIREI DE MEU ACERVO PESSOAL E FIZ O UPLOAD. ACHEI, NA WEB, APENAS O PRIMEIRO ÁLBUM PRAISE THE LOAD, QUE COLOCAREI AQUI EM BREVE.
A BANDA FOI FORMADA EM 1973, MAS LANÇOU SEU PRIMEIRO ÁLBUM SOMENTE EM 1976. POSSO ADIANTAR QUE ESTE QUE É O SEGUNDO E ÚLTIMO, É MUITO SUPERIOR.
É UM ÁLBUM RECHEADO DE BELÍSSIMAS, SUAVES E AGRESSIVAS FAIXAS INSTRUMENTAIS. É NOTÓRIA A VIRTUSIOSIDADE DOS TRÊS MÚSICOS. DEVO DESTACAR DAVE HESSLER, NÃO NECESSARIAMENTE POR SER O MELHOR, MAS POR SER INCRIVELMENTE EXCELENTE TANTO NA GUITARRA QUANTO NO BAIXO. É ISSO MESMO! CONFIRAM!
A FAIXA DE ABERTURA MOBILIZED É REPLETA DE FRASES MUSICAIS ALUCINANTES, DO INÍCIO AO FIM. É DAQUELAS MÚSICAS EM QUE NÃO NOS CONTENTAMOS COM UMA OU DUAS AUDIÇÕES; É VICIANTE!
O DISCO TODO É EXCELENTE, COM MENOS DESTAQUE APENAS PARA AS DUAS PEQUENAS FAIXAS QUE CONTÉM VOCAL, MAS, COMO EU DISSE, O DISCO TODO É EXCELENTE.
O ÁLBUM FECHA COM UMA FAIXA BÔNUS QUE, NA MINHA OPINIÃO, É A MELHOR. OU NÃO! UMA BELÍSSIMA SUÍTE REPLETA DE TEMAS, EM QUE HÁ UM DUELO ENTRE ÓRGÃO E GUITARRA, TORNANDO DIFÍCIL ESCOLHER O MELHOR. A FAIXA FOI ADICIONADA NUMA REUNIÃO DA BANDA, APENAS EM 1994, E EM 1996 FOI LANÇADO O CD.
ESTE RARO ÁLBUM DE MÚSICA PROGRESSIVA INSTRUMENTAL É UM PRESENTE PARA OS AMANTES DO ESTILO. EM MEU MEDIANO (MAIS PARA MENOS) CONHECIMENTO DO PROGRESSIVO, CONHEÇO POUCAS BANDAS (PROG INSTRUMENTAL) TÃO EXPRESSIVAS COMO THE LOAD; COM ÁLBUM TÃO SUBSTANCIAL.
ALTAMENTE RECOMENDADO!!!!!!!!

01-Mobilized


09 Eitel's Lament

Studio Album, released in 1977

Songs / Tracks Listing

1. Mobilized (6:28)
2. One Is Gone (1:46)
3. Something Suite (8:39)
4. Richter Scale (5:56)
5. Interstellar Debris (3:21)
6. The Narrows (6:16)
7. Choices (1:21)
8. Too Much To Believe (13:39)
9. Eitel's Lament (BONUS) (12:14)

Total Time: 59:40
Line-up / Musicians

- Sterling Smith / keyboards, vocals
- Dave Hessler / bass, guitars
- Tom Smith / drum

LINK:
http://depositfiles.com/files/zldoebwdr

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

WALLENSTEIN-MOTHER UNIVERSE-ALEMANHA 1972




01-Mother Universe



MÚSICAS:

1. Mother Universe
2. Braintrain
3. Shakespearesque
4. Dedicated To Mystery Land
5. Relics Of Past
6. Golden Antenna

MÚSICOS:

Jürgen Dollase - vocal e teclado
Bill Barone - vocal e guitarra
Jerry Berkers - vocal e baixo
Harald Großkopf - bateria


LINK:
http://www.multiupload.com/YP2EMORAMC