NIETZSCHE

"E aqueles que foram vistos dançando, foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música". "Vida sem música é um equívoco". NIETZSCHE

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

SAINT PREUX-LE PIANO SOUS LA MER-FRANÇA 1972



No tempo em que a busca por solidez sonora era certa na aquisição de um novo vinil,  em que o canto era encanto e vice-versa. No tempo em que a nova aquisição de um álbum era de olhos fechados: um novo lançamento do Zeppelin ou King Crimson, de Chico Buarque ou Elis Regina, era sempre motivo de euforia e de certeza, da mais absoluta, de que se teria mais um álbum que ficaria marcado para a eternidade. No tempo em que cada vibração de cordas vocais ou de cada execução de instrumento musical, tinha-se a vibração ou um toque da alma do artista;  assim eram as décadas de 1960 e 1970; e, em 1972, Saint Preux - um jovem compositor de música erudita - concebeu uma das mais belas pérolas da música instrumental progressiva.
Na atualidade, ou melhor, a partir da década de 1980, eclodiu a "pasteurização" da arte musical. Atualmente, uma criança de sete ou oito anos, ou menos, deseja ser presenteada com o mesmo álbum que os pais ouvem. Tem alguma coisa de muito errada aí - uma criança dessa idade deveria vomitar frente ao gosto musical de seus pais, salvo raríssimas exceções. O gosto musical dos últimos tempos faz parecer que estamos vivendo um pesadelo - todo esse lixo sonoro era inimaginável na década de 1970. O que havia de pior naquelas décadas, tinha um mínimo de compromisso com a arte musical. O que assistimos no cenário musical de hoje, é como se imaginássemos algo inferior ao esboço da arte; um estilo de pintura em que todas as telas fossem desprovidas de formas; todas as poesias isentas de palavras... Hoje, precisamos forçar nossos sentidos a um nível de exaustão suprema, para que possamos filtrar algo com proximidade ao belo.
Eu me sinto conformado, com certa ternura, quando uma criança critica meu gosto musical; da mesma forma, me choco quando me deparo com um adulto que ouve no som do carro, no último volume, o que rotularam de  "sertanejo universitário".
Tenho um sobrinho que tem certa queda para a música de qualidade - vez ou outra coloco algumas peças progressivas pra ele; sempre algo mais suave, devido a sua idade (quatorze anos), para que ele possa degustar com facilidade. Certa vez ele indagou sobre minha admiração por Chico Buarque. Ele não conseguia entender o porquê. É justamente neste ponto que reside a questão: creio que uma criança da idade dele, não tenha base para entender a complexidade da música de Chico - salvo raras exceções, apesar do precoce e refinado gosto musical dele.
Também me espanta quando ouço dizer que Bochecha é o Tim Maia dos nossos tempos - palavras de Caetano. Todas essas questões levam a uma velha confusão entre o que é arte e o que é expressão de arte. Nas sábias palavras do grande poeta Ferreira Gullar: "Toda arte é expressão, mas nem toda expressão é arte"; "Se alguém começa a bater numa lata, emite sons; não produz arte"; "Arte, portanto, pressupõe 'saber fazer'. Saber pintar, saber dançar, saber esculpir, saber fotografar, saber tocar, saber compor". Resumindo, não creio que se possa chamar de arte, esse monte de coisa que faz sucesso hoje em dia, em dias passados (das últimas três décadas) e, muito provavelmente, nos que estão por vir.
Queiram me perdoar por tanto pessimismo e amargura, mas é inevitável. Vejam que, neste ano, os amantes da música poderão se lembrar que é o quadragésimo primeiro aniversário do belíssimo álbum que apresento agora; porém, simultaneamente, não nos será possível esquecer que estamos adentrando a terceira década de rala produção de música de qualidade - "Mas não se preocupe, meu amigo, com os horrores que eu lhe digo. ... A vida realmente é diferente, quer dizer: a vida é muito pior". Historicamente, podemos perceber que a tendência é que tudo piore cada vez mais.
Deixemos de lado todo o meu pessimismo catastrófico, e nos concentremos nas maravilhas que a internet proporciona. Por mais contraditório que possa parecer, eu me sinto muito entusiasmado com o "futuro" da música de qualidade. A justificativa é simples: desde o surgimento da internet, foram aparecendo, ao longo dos anos, milhares de obras fantásticas - que pareciam perdidas no tempo -, e o número aumenta à cada dia. Ou seja, fico muito feliz ao ligar a minha máquina, pois sei que vou ter a oportunidade de conhecer "novas velhas" pérolas da boa música. Faço um exercício de somar trinta e tantos ou quarenta anos às obras que descubro, para que eu tenha um novo lançamento de um determinado álbum em minhas mãos.
Em 2010, eu tive o prazer inenarrável de conhecer Le Piano Sous La Mer, que foi "lançado" pelo FANTÁSTICO PROGRESSIVE DOWNLOADS. Seguindo o meu raciocínio, 2010 é o ano de lançamento deste álbum, pois basta que somemos trinta e  nove anos. Para quem o conhecer hoje, é só somar quarenta e um anos, para que 2013 seja seu ano de lançamento. Simples assim!
Deixando toda essa "viagem" de lado, voltemos à realidade. Este honrável álbum foi lançado em 1972. Ele contém algumas das mais belas melodias que já ouvi; alguns dos "arranjos mais bem arranjados"; inspiração suprema; essência de lirismo entorpecedor; além do poder de encantamento que eleva a alma com os mais belos sentimentos.
Um álbum forjado feito uma espada encantada da idade do ferro, daquelas que podemos imaginar ter sido concebida para a guerra, mas que, de tanta beleza e formosura, é reservada como uma escultura eterna que simboliza a paz.
A sétima faixa é algo de grandeza tamanha, cujas ideias melódicas, orquestrais e harmônicas só poderiam partir de um dos maiores gênios da música contemporânea. Há também a sua incrível capacidade de juntar músicos muito competentes, e, mais ainda, por conseguir fazer com que correspondessem às suas expectativas. A coisa chega a tal nível de perfeição, que o guitarrista parece ter saído da própria alma do autor, numa triunfante demonstração de correspondência de ideias e sentimentos. 
No princípio, tudo é calmaria banhada pela belíssima e extraordinária melodia, em que os músicos são tremendamente obedientes ao orquestrador, que os impulsiona a seguir à risca o andamento da música. O vocalista é quem dá o tom com belíssimo solfejo, acompanhado dos instrumentos de base, tendo sempre o piano como marcador, do início ao fim da faixa, sempre numa eterna repetição das notas. Tudo está sob controle, até que a guitarra, como um bezerro desgarrado, desanda num frenesi alucinante, fazendo com que desandem, também, o baixo e a bateria. é como se o orquestrador perdesse o controle. Apenas o piano e o vocal são sempre os mesmos, até que o vocalista parece desistir e, por fim, se cala, e assiste a um processo "caótico", fantástico, inimaginável, um esgotamento total de todas as possibilidades musicais imagináveis. Dá-se uma progressão que parece ilustrar a mais singular beleza, sim, num processo "caoticamente" harmonioso, em que tudo parece desandar, mas cada virada louca da bateria encontra sempre o seu ponto de partida e chegada, com a marcação do piano incansável.
Não alcanço sequer uma vaga possibilidade de imaginar como essa música foi concebida em sua forma final. Eu me emocionei de verdade quando ouvi pela primeira vez essa pérola. Foi algo realmente incrível. Eu me arrepiava, ria e chorava; pedia que tudo aquilo não acabasse mais, e realmente não acabava; o solo de guitarra e a bateria pareciam travar uma batalha infinita, cujo única possibilidade de ruptura seria a explosão inevitável de tudo.  

Assim como meu companheiro Mercenário Maldito, farei a inclusão de uma faixa bastante conhecida desse autor. Trata-se da música Concerto Pour Une Voix, do álbum homônimo, de 1969. É uma música que a maioria deve conhecer, sem mesmo saber quem é o autor, pois foi muito tocada no mundo todo. Durante muito tempo foi tema em um quadro do programa do radialista Alberto Brizola, na Rádio Mundial, em meados da década de 1980. 

07 - Saint-Preux - Le Piano Sous La Mer(II)



(01) [Saint-Preux] CONCERTO POUR UNE VOIX 


MÚSICAS:

(1). Concerto pour une voix (Bonus)
01. Le Depart
02. Le Voyage
03. L'Appel De La Sirene
04. La Tempete
05. Le Naufrage
06. Le Piano Sous La Mer (I)
07. Le Piano Sous La Mer(II)
08. Le Concert Sous-Marin
09. La Rencontre
10. L'Ivresse Des Profondeurs
11. Le Gouffre Amer
12. L'Abime


MÚSICOS:

Violino I: Patrice Mondon
Violino II: Michel Guyot
Alto: Alain Dubois
Violoncelo: André Rolland
baixo: Henri Woitkowiak
Flauta: Thomas Prévost
Piano: Saint-Preux
Guitarra: Claude Engel
Guitarra base: Antoine Rubio
Bateria: Pierre-Alain Dahan
Voz: Christian Padovan
Orquestração de Saint-Preux


LINK:
http://www.mediafire.com/download/wkr5xy1rof9wkb7/Saint-Preux-Le+piano+sous+la+mer-1972.rar

quarta-feira, 26 de junho de 2013

STRAWBERRY PATH-WHEN THE RAVEN HAS COME TO THE EARTH 1971 / FLIED EGG-DR. SIEGEL'S FRIED EGG SHOOTING MACHINE 1972 / FLIED EGG-GOOD BYE FLIED EGG 1972 - JAPÃO


Ouço com muita atenção os ventos que conduzem os sons que vêm do outro lado do planeta, mais precisamente, ventos que vêm do Japão. São ventos muito semelhantes aos que vêm de terras germânicas, britânicas, nórdicas, italianas ou francesas; sei lá, pois o som dos ventos, aparentemente, sempre carregam características semelhantes, de onde quer que venham. De onde quer que venham, os ventos trazem melodias. Melodias que marcam e tocam profundamente a alma de quem vaga pelo mundo a tatear a essência da existência; de quem se prontifica a ser tocado por essa essência. Os ventos me trouxeram as melodias da essência da sensibilidade da música que veio do Japão.  
Quando ouço When The Raven Has Come To The Earth, tenho a sensação de que penetro na essência em si, como se o som fosse um passeio imaginário; numa sentimentalidade que transcende os sentidos; como uma tentativa de enquadrar uma paisagem que não pode ser fotografada; numa perfeita sensação que só pode ser imaginada; e cujo significado não pode ser traduzido. Insisto em definir o que se passa, mas percebo a volatilidade da minha percepção frente à infinitude da grandeza lírica dos acordes da guitarra, numa melodia inebriante, com apoio de um instrumental fantástico, com uma alucinógena e belíssima "flauta", cuja sonoridade parece tentar alcançar o infinito...
When The Raven Has Come To The Earth é a última faixa do único e raro registro do Strawberry Path, cujo clima predominante no álbum é o hard blues rock, com poderosas e ácidas guitarras do início da década de 1970. Entretanto, a referida faixa, junto a outras duas, são casos à parte, pois são desenvolvidas através de linhas melódicas suaves e extremamente inspiradas, proporcionando momentos emocionantes de música progressiva.
Incrivelmente, a banda conta com apenas dois geniais multi instrumentistas que demonstram   notável capacidade técnica e harmônica no desenvolvimento das músicas; o que é realmente impressionante e, até mesmo, intrigante, pois contém pérolas dignas de um grande e coeso conjunto musical.
No ano seguinte, houve uma reformulação na banda, com a inclusão de um novo membro, um baixista. Continuaram o projeto, mas mudaram o nome para Flied Egg. Com a nova formação e com novo nome, lançaram dois álbuns em 1972: Dr. Siegel's Fried Egg Shooting Machine e Good Bye Flied Egg.
Lamentavelmente a banda deu adeus aos seus projetos com o lançamento de  Good Bye Flied Egg, como o próprio nome sugere. O álbum conta com quatro faixas ao vivo e três de estúdio. Esse fato sugere que era material antigo, o que parece evidenciar que o grupo já estivera desfeito antes mesmo do lançamento desse álbum.
É interessante notar que as duas pérolas do primeiro álbum são de alguma forma revisitadas nos dois álbuns seguintes. When The Raven Has Come To The Earth tem um final, eu diria, cruel, pois a faixa é reduzida a um final inglório, deixando a impressão de que poderia ser muito mais triunfante. Como se tivessem percebido tal falta, na última faixa do segundo álbum, no primeiro minuto, eles parecem dar continuidade aos acordes da grande pérola do primeiro, do ponto em que são interrompidos.  Por fim, ao final da faixa, parecem fazer o fechamento da forma que poderia ser em  When The Raven Has Come To The Earth.
Na última faixa do terceiro álbum - talvez a mais fantástica e completa de todas -, também parece haver certas referências ao primeiro álbum: no meio dela, noto certa semelhança melódica com When The Raven Has Come To The Earth. Já quase no final dessa grande maravilha do rock progressivo, podemos observar que o solo de guitarra é muito semelhante ao da terceira faixa do primeiro álbum.
Logo abaixo, deixo as faixas citadas acima para audição online, e os links para os três álbuns.

__________STRAWBERRY PATH-WHEN THE RAVEN HAS COME TO THE EARTH__________
1971

03 The Second Fate (Strawberry Path)
 .

09 When The Raven Has Come To Earth (Strawberry Path)


MÚSICOS:

- Shigeru Narumo / guitar, acoustic guitar, hammond organ, piano, bass, backing vocal
- Hiro Tsunoda / drums, percussion, lead vocal, backing vocal


MÚSICAS:

1. I Gotta See My Gypsy Woman 
2. Woman Called Yellow 'Z' 
3. The Second Fate 
4. Five More Pennies 
5. Maximum Speed Of Muji Bird (45 Seconds Of Schizophrenic Sabbath)
6. Leave Me Woman 
7. Mary Jane On My Mind 
8. Spherical Illusion 
9. When The Raven Has Come To The Earth 


LINK:
Strawberry Path
http://www.mediafire.com/download/c65k6yj5ggvpx3d/Strawbwrry+Path.rar

=========================================================================


__________________________FLIED EGG-GOOD BYE FLIED EGG_________________________
1972


07 - 521 Seconds Of Schizophrenic Symphony (Flied Egg)


MÚSICOS:

- Shigeru Narumo - guitar, acoustic guitar, hammond organ, piano, Moog synthesizer, harpsicord, distorted        organ, chelesta, vocal, equalized vocal, harmony, toy instruments, sound effects
- Hiro Tsunoda - drums, percussion, lead vocal, high boosted vocal, harmony, toy instruments, jokes, noise
- Masayoshi Takanaka - bass, bowing guitar, acoustic guitar, vocal, harmony, toy instruments


MÚSICAS:

1. Leave Me Woman (4:28)
2. Rolling Down The Broadway (4:04)
3. Rock Me Baby (3:39)
4. Five More Pennies (12:10)
5. Before You Descend (3:59)
6. Out To The Sea (2:35)
7. Goodbye My Friends (1:38)
8. 521 Seconds Schizophrenic Symphony (8:45)


LINK:
Flied Egg
http://www.mediafire.com/download/rlxo4bb6bb2o5z9/Flied+Egg-Good+Bye+Flied+Egg-1972%282%29.rar

=========================================================================

____________FLIED EGG - DR. SIEGEL'S FRIED EGG SHOOTING MACHINE _____________
1972


08-Guide Me To The Quietness (Flied Egg)








MÚSICOS:

- Shigeru Narumo - guitars, keyboards, harpsichord, synthesizer, celesta, vocals, sound effects
- Masayoshi Takanaka - bass, bowing guitar, acoustic guitar, vocals
- Hiro Tsunoda - drums, percussion, lead vocals, noise 


MÚSICAS:

01. Dr.Siegel'S Fried Egg Shooting Machine 
02. Rolling Down The Broadway 
03. Burning Fever 
04. Plastic Fantasy 
05. 15 Seconds Of Schizophrenic Sabbath 
06. I'm Gonna See My Baby Tonight 
07. Oke-Kus 
08. Guide Me To The Quietness 


LINK:
Flied Egg
http://www.mediafire.com/download/xe3a71p6azig1wd/Flied_Egg-Dr.+Siegel%27s+Fried+Egg+Shooting+Machine-1972.rar



sexta-feira, 21 de junho de 2013

RAW MATERIAL-TIME IS-INGLATERRA 1971




Depois de seu irregular, mas admirável primeiro álbum, eis que o Raw Material surge com essa fantástica e singular obra. Uma incrível demonstração de evolução de técnica e refinamento musical. Um álbum repleto de amálgamas sonoras. estruturadas de forma extremamente madura e criativa, cuja sensibilidade transcorre de maneira aparentemente segura e natural. 
Através de uma autêntica linha rockeira, típica dos primórdios setentistas, a banda faz sua requintada mistura de estilos, passeando pelo território do jazz com notável conhecimento de causa, mas de forma a não perder de vista seu objetivo principal: o rock progressivo. Influências e referências diversas podem ser facilmente notadas, reforçando mais do que inviabilizando suas qualidades, principalmente devido à inventividade estrutural, que combina elementos criativos e futurísticos para a época em que foi lançada a obra.    
Os agradáveis e variados temas que ocorrem por todo o álbum, exibem cores e símbolos em tons e formas altamente sensíveis, em duradouras cargas de satisfação plena. Não são vagas e voláteis experiências auditivas, mas sim uma intensa viagem muito dignificante, possibilitada por instrumentistas de experiência notadamente precisa.
Olhando através da janela do tempo, Time Is pode ser visto como uma obra que faz deboche ao mau gosto que tem origem nas bandas que faziam suas misturas de estilos sem o menor compromisso melódico e harmônico. Esses, usavam o desperdício da criatividade, quando inseriam o ensaio em suas músicas, focando-se apenas na apresentação técnica e mecânica de seus instrumentos, de forma repetitiva e prolongada. Em vez disso, o Raw Material  primava pelo compromisso estético e melódico, inserindo o jazz de forma delicada e moderada, num conjunto progressivo em sintonia com uma límpida, porém rígida e enérgica harmonização sonora.
A evidência de influências da música clássica e do jazz passeiam lado alado por todo o álbum. A utilização de instrumentos de sopro, como flauta e sax, intercalando com teclados, guitarra e violão, definem uma riqueza instrumental muito bem delineada, em temas complexos dotados de melodias inspiradíssimas. Baixo, bateria e guitarra base, complementam, de forma extremamente competente, o desenrolar desse raro registro do início da década de ouro da música de qualidade.

01 - Ice Queen


02 - Empty Houses


MÚSICAS:

01. Ice Queen 
02. Empty Houses 
03. Insolent Lady
a) Bye The Way
b) Small Thief
c) Insolent Lady
04. Miracle Worker
05. Religion 
06. Sun God
a) Awakening
b) Realization
c) Worship


MÚSICOS:

- Colin Catt / lead vocals, keyboards
- Mike Fletcher / saxophone, flute, vocals
- Dave Green / guitar
- Phil Gunn / bass
- Cliff Harewood / lead guitar
- Paul Young / drums, percussion


LINK:
http://www.mediafire.com/download/d3c97d5iycr8t1q/Raw_Material.rar

sábado, 15 de junho de 2013

MASTER'S APPRENTICES-A TOAST TO PANAMA RED-AUSTRÁLIA 1972

    


No ano de 1972 - enquanto diversas bandas progressivas se preparavam para lançar seus álbuns mirabolantes, repletos dos magníficos instrumentos da música clássica, que seriam somados às eternas obras do progressivo mundial -, a fantástica banda Master's Apprentices lança seu 4º e mais audacioso álbum. Com forte inclinação para o rock progressivo, porém, na contramão dos gigantes do estilo, conceberam sua obra apenas com os instrumentos básicos de rock. 
Ainda no mesmo ano, Black Sabbath e Wishbone Ash também lançaram obras altamente inspiradas, respectivamente Vol 4 e Argus. Cito esses dois exemplos, pois além do mesmo ano de lançamento, guardam semelhantes aspectos relativos à tendência progressiva e à escolha dos instrumentos, ocorrendo apenas, aqui e ali, alguma pitada de piano, órgão e mellotron, em uma ou outra faixa desses álbuns. No caso do Argus, a faixa Throw Down The Sword conta com a ilustre, porém um tanto insossa, participação do grande John Tout do Renaissance, tocando órgão. Todas as outras faixas foram gravadas somente com vozes, baixo, bateria e guitarras.
A grandiosidade é outra semelhança revelada por esse álbum, em relação às gloriosas obras citadas acima. Sim, pois trata-se de um trabalho que contém músicas muito refinadas, cujas linhas melódicas são excelentes e muito bem trabalhadas.
Essa obra é o resultado do amadurecimento da banda, que já estava na estrada desde 1967, quando faziam um rock competente, com influências mais voltadas para o blues. Inclusive, a banda se intitulava "aprendizes dos mestres" do blues. Na verdade, eles iniciaram antes suas atividades, em 1964, com o nome The Mustangs. A banda era realmente boa para os padrões sonoros da época, em que a grande onda era o som de Beatles e Stones.
Há, pelo menos, cinco faixas significativas, em relação à qualidade musical, que faz a obra ser admirada. Dentre elas, eu posso citar três que trafegam fora da curva. São elas: Beneath the Sun, Games We Play I e Games We Play II. Apesar das duas últimas recorrerem mais à linha progressiva, aponto Beneath the Sun para degustação, como fosse um raríssimo vinho, cujas uvas são de uma combinação de raridade ímpar, resultando numa explosão de sabores extremamente requintados.
Beneath the Sun é uma sensibilíssima balada, aparentemente inofensiva - transcorrendo inicialmente com uma suavidade wishboneashiana -, mas que guarda uma surpresa inesperada e venenosa; eu diria altamente alucinógena e triunfante em seus minutos finais. É realmente algo inusitado, inesperado e magistralmente conduzido, de tal forma que contagia ao ponto de aumentar o volume ao máximo. Não há outra reação mais coerente. A força do baixo e da batera são surpreendentes. O solo de guitarra é alucinógeno. O ritmo é altamente contagiante. Os efeitos sonoros são fantásticos. A linha melódica é divinamente bem sucedida. Tudo é simplesmente incrível e gratificante.
A título de curiosidade, na faixa Games We Play II, um poema é recitado durante boa parte dela. Trata-se de um trecho do livro O Profeta do grande poeta e escritor Gibran Khalil Gibran. Apesar de eu não ser muio fã de citações ou declamações em músicas - penso que se não se tem capacidade para musicar um texto, deixe-o em sua forma escrita, ou declame-o em voz alta, mas não o insira em uma música -, achei que foi uma bela homenagem ao "Mestre"; ainda que eu preferiria que a música fosse toda instrumental ou com letra musicada, em vez de recitada.

02-Beneath The Sun


04-Games We Play II



MUSICAS: 

01. Answer Lies Beyond - 3:36
02. Beneath The Sun (Doug Ford) - 6:06
03. Games We Play I - 6:54
04. Games We Play II - 4:15
05. The Lesson So Listen - 3:10
06. Love Is - 4:10
07. Melodies Of St. Kilda - 2:54
08. Southern Cross - 4:52
09. Thyme To Rhyme - 2:37


MÚSICOS:

- James Keays - lead vocals, effects
- Doug Ford - lead guitar, acoustic guitar, vocals
- Glenn Wheatley - bass, vocals
- Colin Burgess - drums, percussion, vocals


LINK:
http://www.mediafire.com/download/nwezrbdjar6ld0s/Masters_Apprentices1972+%40%40%40.rar

segunda-feira, 10 de junho de 2013

THE UNDERGROUND SET-THE UNDERGROUND SET-ITÁLIA 1970





Engana-se quem pensa que o mundo da música não apresenta um constante movimento revolucionário. Lamentavelmente, esse processo é de uma involução em absoluta queda livre. Desde o final da década de 1970 acompanhamos o afloramento desse fenômeno de banalização da divina arte musical. Alguns, mais esperançosos, inocentemente, acreditavam que seria apenas um passageiro desvio de personalidade de uma geração, que logo seria reconhecido como sonho ruim. Aos poucos chegaram à conclusão que realmente era um pesadelo terrível, que assolaria o universo musical por muitas décadas.   
Felizmente, diversos (re)lançamentos de álbuns esquecidos no passado, surgem como a única esperança  para  amenizar a névoa que perdura, desde aquele tempo, até os nossos dias. Para iluminar as almas dos amantes da música nessas trevas que parecem não ter fim.
Eis que apresento esse raro renascimento de 1970, cuja sonoridade soa como um belíssimo presente aos desafortunados, renegados e órfãos amantes da verdadeira arte musical das décadas de 1960 e 1970. Uma obra instrumental monumental que retrata a vanguarda dessa banda italiana excepcional. Uma relíquia que ficou perdida no tempo. Uma tremenda joia lapidada por artistas do mais alto gabarito. Uma sensacional viagem musical que retrata a ousadia de um grupo de jovens que estava à frente do seu tempo, mormente pela coragem de lançar uma obra de rock instrumental, que passeia por outros estilos, dentre eles o progressivo; que inova, anunciando tendências para uma nova década que se apresentava, e, ao mesmo tempo, renova, mantendo o que havia de melhor da década que ficava pra trás, numa atmosfera impressionante de virtuosismo, criatividade e tantas outras qualidades sonoras extraordinárias.
Recentemente, somente após quatro décadas, sugiram informações afirmando que os integrantes da banda são, na verdade, exatamente os mesmos do ótimo grupo italiano Nuova Idea. Ou seja, os dois lançamentos (dos anos 1970 e 1971) do The Underground Set são projetos instrumentais do Nuova Idea, que precederam o lançamento oficial de seu primeiro álbum In the Beginning, também lançado em 1971.
O interessante é que esse projeto foi negligenciado pelos autores, por tanto tempo, visto que, apesar de não constar como principal, apresenta, na minha opinião, genialidade superior aos trabalhos oficiais da banda. Esse fato demonstra que não basta apenas músicos exímios para a concepção de uma obra grandiosa. Faz-se necessário um conjunto de qualidades, que são traduzidas em primordiais boas ideias, tais como: composições sólidas e extraordinárias, bem como uma grande dose de requinte.
Todas as faixas são fantásticas, e os músicos, igualmente. Órgão divino, baixo sensacional, guitarra alucinante, bateria magistral e pinceladas precisas de piano e flauta ocasionais.

07-Underground In Blue
.

14-Slaughter On The Motor Road (single B-side, 1970)


11-Emisfero (2nd version)


MÚSICOS:

- Marco Zoccheddu - guitar, vocals
- Claudio Ghiglino - guitar, vocals
- Giorgio Usai - keyboards
- Enrico Casagni - bass, flute, vocals
- Paolo Siani - drums, vocals


MÚSICAS:

01. Arcipelago 
02. Emisfero (1st version) 
03. Atollo 
04. Longitudine Est 
05. 36 Parallelo 
06. Samba Natalizia 
07. Underground In Blue 
08. Shake 26 
09. Equatore 
10. 7 Meridiano 
11. Emisfero (2nd verssion)


Bônus:
12. Tanto Per Cambiare 
13. Motor Road Underground 
14. Slaughter On The Motor Road
15. La Filibusta 

sábado, 20 de abril de 2013

ORANGE WEDGE-ORANGE WEDGE-USA 1972




Certa vez, publiquei aqui no blog o álbum de uma banda com uma sonoridade agradabilíssima, cujas qualidades podem ser facilmente observadas, tais como, em diversas bandas de hard rock. Entretanto, considerando que não é tão frequente o surgimento de beldades desse tipo, podemos considerar que trata-se de mais uma raridade, este que é o primeiro álbum dessa banda magnífica. 
Bem sei que há uma infinidade de bandas com refinamento indiscutível, porém, também sei,  a infinidade das que são precisas em alguns aspectos, mas pecam sensivelmente em outros. Ou seja, se são detentoras de exímios músicos, vacilam quanto às composições, ou vice versa. Às vezes possuem ambas as qualidades, mas deixam a desejar com os vocais, ou com a mixagem, e até mesmo na qualidade final da obra, em que cometem exageros, ou faltas imperdoáveis, tais como chatices repetitivas tanto nos vocais quanto no instrumental. Enfim, não é tarefa das mais simples apresentar um trabalho equitativo, abrangente e satisfatório. Em suma, isso é o que faz com que uma determinada banda tenha destaque em relação às demais.
O primeiro álbum, dos dois da banda, que apresento agora, não é o mais maduro dos dois. Ele apresenta algumas das falhas descritas no parágrafo anterior, porém, nas faixas em que acerta, a coisa é feita com uma sensibilidade incrível, além de grande capacidade de cativar os amantes do bom hard rock.
A faixa Comfort of You é a representação crua de uma beleza implícita na simplicidade da composição e do arranjo, em que o instrumental se enquadra magnificamente ao contexto da melodia, representada pelo vocal agradabilíssimo e altamente inspirado. Uma canção fantástica, que inicia numa viagem acústica encantadora, e repousa numa inebriante explosão de sonoridade onde tudo faz sentido; com instrumental dignificante em que a bateria tem um papel fundamental.
Eis o link para a outra postagem da banda: http://hofmannstoll.blogspot.com.br/2010/07/orange-wedge-no-one-left-but-me-usa.html

03-Confort of You

07-Revenge


MÚSICAS:

01 - Love Me
02 - Death Comes Slowly
03 - Comfort of You
04 - Keep on Livin
05 - One Night Lover
06 - Meathouse Shuffle
07 - Revenge

MÚSICOS:

Joe Farace - Guitar
Don Cowger - Bass
Tom Rizzo - Drums
Dave Burgess - Keyboards
Greg Coulson - Vocals
Gene Ingham - Bass, Flute

LINK:

sábado, 30 de março de 2013

THE TRIP-CARONTE-ITÁLIA 1971


Dentre os diversos fatores para que se possa enquadrar um álbum de música progressiva como uma grande obra, eu poderia destacar a harmonia, a beleza das composições e a qualidade dos músicos. Entretanto, creio que seja imprescindível considerar algo que é essencialmente subjetivo: a sensibilidade de cada ouvinte. Portanto, tendo em vista tais considerações, em minha insignificante subjetividade, hei de considerar Caronte como uma obra grandiosa, mormente em função da quarta faixa.
Independente da qualidade da obra, a arte da capa foi uma ideia genial. Uma belíssima representação da ilustração original de Gustave Doré, concebida para somar beleza à fantástica Divina Comédia de Dante Alighieri.
Na minha opinião, toda grande obra deve conter ao menos uma faixa extraordinária para merecer tal atributo. A banda foi muito feliz ao incluir a faixa L'ultima Ora e Ode a J. Hendrix. Um verdadeiro clássico, que esbanja sensibilidade, harmonia e lirismo.  A primeira parte da faixa tem um belo e entusiasmado vocal, desenrolado em uma melodia de beleza extremada, com fantástica harmonia e notável execução da bateria, com suas viradas sensacionais. A segunda parte é uma sensibilíssima melodia instrumental, em homenagem a Hendrix, executada com maestria pela inspiradíssima guitarra de Billy Gray.

4_L'ultima Ora e Ode a J. Hendrix


MÚSICAS:

01. Caronte I
02. Two Brothers
03. Little Janie
04. L'ultima ora e Ode a J.Hendrix
05. Caronte II

MÚSICOS:

- Joe Vescovi - Hammond organ, piano, church organ, mellotron, lead vocals
- William "Billy" Gray - electric & acoustic guitars, vocals
- Arvid "Wegg" Andersen - bass, lead vocals
- Pino Sinnone - drums, percussion

LINK:

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

BARCLAY JAMES HARVEST-AFTER THE DAY: THE RADIO RECORDINGS-BBC SESSION-INGLATERRA 1974-1976






Fico imaginando como teria sido viver em Londres durante a década de 1970, e ter tantos shows fantásticos de boa parte das melhores bandas do mundo, tocando diretamente  no rádio ou na televisão, como um presente vesperal de um típico sábado ou domingo chuvoso.
Como consolo pra quem não vivenciou tudo aquilo, em 2008 foi lançado, pela Polydor, esse grandioso  registro de um precioso momento para apresentação radiofônica da BBC de Londres.

Ainda que a banda já tenha seu registro oficial no ano de 1974 - seu grande clássico ao vivo, e já publicado no blog -, a presente obra  tem valor significativo, pois além de incluir algumas faixas inéditas para o período, trata-se de uma releitura de antigos clássicos, embora alguns soem bastante semelhantes ao outro registro. Inclusive, a faixa Summer Soldier é quase uma cópia fiel da apresentação do álbum oficial de 1974 - ambas tocadas em meados do ano -, com mudanças muito sutis na execução dos instrumentos; ou seja, mais uma vez a banda se supera ao mostrar o quanto aperfeiçoava o entrosamento entre os músicos, o quanto estavam preparados pra apresentações ao vivo, naquele período. Além do mais, ainda me impressiono com a desconstrução que foi feita, da versão de estúdio para a versão ao vivo. Considero um dos maiores feitos da banda. Toda aquela energia, aquele arranjo fantástico e a harmonia do grupo são de tirar o chapéu. A última parte da faixa é simplesmente alucinógena, com aquele entrosamento, com a deslumbrante bateria e aquela guitarra entorpecedora. Um dos registros sonoros ao vivo mais bem entrosado que já ouvi.

Já ouvi algumas pessoas reclamando do excesso de baladas extremamente arrastadas da banda. Isso é um fato, mas convenhamos que era o estilo dos caras. Certamente quem reclama, o faz porque não é muito fã do estilo. Por outro lado, confesso que há algumas que poderiam carregar um pouco mais de peso, principalmente quando se trata da bateria, que, aliás, eu não entendo, pois apesar de ser um dos pontos fortes da banda até meados da década de 1970, algumas músicas deixam a desejar nesse ponto.


Ainda sobre a questão das baladas, foram elas que fizeram o BJH ser o que é, ou o The Moody Blues ser o que é, pois se observarmos o conjunto da obra dessas duas bandas - no que se refere às  décadas de 1960 e 1970, é claro -,  podemos observar que a maioria dos clássicos são exatamente nesse estilo.
Se por um lado essas duas bandas valorizavam muito o estilo balada, por outro, diversas bandas faziam justamente o contrário. Tudo gira em torno da afinidade que temos com determinados estilos. Citarei como exemplo a banda The Nice. Muitos consideram clássico o álbum de 1969. Na minha opinião, é um bom álbum, mas é repleto de exageros, tanto no andamento muito acelerado, quanto nos excessos de solos de teclados, intercalando com passagens lentas definitivamente chatas, extremamente insulsas. E o mesmo se dá para diversas bandas de estilo semelhante. O ELP é outra banda que exagera nos excessos de chatice. O que quero dizer com isso, é que cada um é bom no seu estilo, mas é muito difícil uma banda agradar a todos, e mesmo aos que ela agrada, ainda assim deixa a desejar em alguns pontos. Por fim, The Nice, ELP, The Moody Blues e BJH são bandas excelentes que tentaram cativar seus fãs da melhor maneira possível.




Em resumo, todas as bandas são necessárias, pois há fãs para todos os estilos. O BJH é uma banda extremamente necessária, e este lançamento é um registro essencial. Aproveitem.







O link está dividido em duas partes, pois o arquivo é imenso.


_01 - Summer Soldier


_04 - After The Day


_01 -For No One


MÚSICAS:

Disc 1

1. Summer Soldier 
2. Medicine Man 
3. Crazy City 
4. After The Day 
5. Negative Earth
6. She Said
7. The Great 1974 Mining Disaster
8. Paper Wings
9. For No One 

Disc 2 


1. For No One BBC Radio 1 John Peel Session 
2. Paper Wings BBC Radio 1 John Peel Session 
3. The Great 1974 Mining Disaster (BBC Radio 1 John Peel Session) 
4. Crazy City (BBC Radio 1 John Peel Session) 
5. Negative Earth (BBC Radio 1 Bob Harris Show Session) 
6. Sweet Jesus (BBC TV 'Old Grey Whistle Test' Live Studio Session) 
7. Hymn For The Children (BBC TV 'Old Grey Whistle Test' Live Studio Session) 
8. Crazy City (BBC Rock Around the World Series) 
9. Polk Street Rag (BBC Rock Around the World Series) 
10. Rock 'n Roll Star (BBC Rock Around the World Series) 
11. Suicide (BBC Rock Around the World Series) 



LINK:

http://www.mediafire.com/?5j90j6508ilt063   part 1

http://www.mediafire.com/?ui5isv3dcqcmch6 part 2