NIETZSCHE

"E aqueles que foram vistos dançando, foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música". "Vida sem música é um equívoco". NIETZSCHE

sexta-feira, 5 de março de 2010

RADIOHEAD-AMNESIAC-INGLATERRA 2001



Dos abismos lamacentos da alma, onde reside toda amargura que um ser humano pode ter, surgiu Amnesiac, quinto álbum da genial banda Radiohead.
Amnesiac veio como um martelo gigante esmagador para encerrar a dúvida que pairava no ar, em que todos indagavam em que direção iria a banda após sucessivos lançamentos de ótima qualidade, principalmente tão pouco tempo após Ok computer, considerado pela maioria como sua obra prima e colocado pela crítica como um dos melhores discos de rock de todos os tempos.
Quando a maioria pensava que o Radiohead tinha esgotado todas as possibilidades, veio a surpresa, lançaram esta pérola, superando as expectativas, no auge da criatividade. Um álbum de facetas diversas e repleto de cores, mas cores em tons extremamente sombrios. Um álbum de vanguarda.
Para os que pensam o Radiohead como apenas uma "bandinha", posso garantir que é um equívoco, pois trata-se de um grupo que apresenta uma proposta musical ímpar, legítima. E este álbum está fora de contexto comercial, muito pelo contrário, eles apostaram em uma fórmula até um tanto perigosa, pois a sonoridade é bastante hermética, extremamente sombria, e até algo muito próximo à morbidez.
No ápice da loucura e da dor, da criatividade e da genialidade, eles apresentam algumas faixas de rara beleza e muito representativas que colocam o Radiohead no patamar da genialidade. A faixa Pyramidi song dá a impressão de um pássaro alvejado caindo do topo de imenso penhasco de rochas cortantes, com seus gritos ecoando toda sua dor, através da voz de Thom Yorke, envolvida numa sinistra e sufocante orquestração e magnífica guitarra, encimadas pela belíssima bateria estranha e descompassada. É um clássico que nos remete às profundezas funestas, vazias e espinhentas da alma (é o tipo de música para se ouvir caso pense em suicídio...rs rs).
Life in a glass house, eu diria que foi extraída diretamente do limbo da alma para a voz de Thom Yorke, é como uma expressão Dostoievski Nietzscheana que ecoa por entre os acordes numa convulsão rítmica, engrandecida pela banda do
veterano Humphrey Lyttelton (composta de trompete, trombone e clarinete) - (segundo o guitarrista Jonny Greenwood , sem ele esta música não seria possível), com oitenta anos nesta época - que incorpora perfeitamente a condição doentia da banda e acrescenta ingredientes indispensáveis que refletem tensas imagens de cinzas retorcidas, eclodindo numa música de beleza extrema.
Outros destaques deste magnífico álbum são: You and whose army, Morning bell/Amnesiac, Dollar e cents e Like spinning plates. Todas doentiamente magníficas.

Acrescentei ao álbum a faixa Paranoid android - original do álbum Ok Computer - numa versão orquestrada, do The String Quartet . Fiquei por demais impressionado com a beleza desta versão, em que os caras conseguem, em alguns momentos, ser tão fiéis, em se tratando de reproduzir com o violino alguns solos de guitarra extremamente loucos , pessoais e estridentes contidos na versão original; além de também conseguirem retratar instrumentalmente os subjetivos e agonizantes vocais de Thom Yorke. É uma versão exemplar.

MÚSICAS:

1. Packt Like Sardines In A Crushd Tin Box
2. Pyramid Song
3. Pulk Pull Revolving Doors
4. You And Whose Army
5. I Might Be Wrong
6. Knives Out
7. Morning Bell - Amnesiac
8. Dollars & Cents
9. Hunting Bears
10. Like Spinning Plates
11. Life In A Glass House

MÚSICOS:

Thom Yorke -(voz, guitarra, piano)
Jonny Greenwood -(guitarra, teclado, xilofone)
Ed O'Brien -(guitarra)
Colin Greenwood -(baixo)
Phil Selway -(bateria)


LINK:






2 comentários:

Mercenário Maldito disse...

Saudações Grande Faustodevil!

Bicho... recebi um e-mail do Bentão indicando essa sua postagem.
Como sou um grande babaca e preguiçoso, demorei em visitar sua postagem. Somente na data de hoje, visitei o link e como de hábito, lí sua magnífica resenha que imediatamente despertou minha curiosidade em conhecer o trabalho da mencionada banda. (Adoro bandas que exploram sonoridades sombrias, mórbidas e que refletem a faceta humana que mais tememos)
Infelizmente meu velho, te "pegaram" por infração ao direito autoral e retiraram o material.
Eu e todos os demais admiradores desse magnífico blog, em razão do seu texto, ficamos "salivando" sem a oportunidade de saborearmos essa iguaria.
Temos de voltar a conversar por e-mail acerca dessa injustificada "caça" a divulgação da boa música.
Lamentando o ocorrido,
Um Grande AbraçO!

faustodevil disse...

Postado original de 19/02/10.